Chegamos
ao fim de fevereiro e, oficialmente, o Brasil completa um ano de pandemia. Em
26 de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde confirmava o primeiro caso de
coronavírus em território nacional. Na época, era impensável que, um ano
depois, estaríamos enfrentando desafios ainda maiores com a disseminação de
novas cepas, inevitáveis confinamentos e a iminente marca de 300 mil mortos
pela doença.
Como uma brisa que traz esperança, começamos 2021 celebrando a
vacinação de profissionais de saúde e grupos prioritários. Entretanto, essa
brisa precisa virar vento, e esse vento, ventania. Só uma vacinação em ritmo de
furacão pode atenuar o colapso sanitário, salvar vidas e evitar uma crise
fiscal ainda maior.
O foco dos governantes e legisladores neste momento está na
aprovação de um novo auxílio emergencial. Independentemente das cores
partidárias e ideológicas, é consenso no país a necessidade de uma nova etapa
do auxílio financeiro para que os mais vulneráveis não fiquem em situação ainda
mais desesperadora.
Essa primeira medida é imediata e urgente, mas, além dela, é
preciso o investimento em soluções mais duradouras, capazes de gerar emprego e
renda para a roda da economia voltar a girar. E essa retomada só é possível com
a imunização em massa. Quanto mais avançarmos na vacinação, e com maior
eficácia, mais vidas serão preservadas e, consequentemente, maiores são as
chances de uma célere recuperação econômica.
Por isso, como presidente da Associação Nacional dos
Procuradores dos Estados e do DF (Anape), reforço a importância do trabalho de
todos nós, servidores públicos — federais, estaduais, municipais — e da
iniciativa privada, para facilitarmos esse caminho. Cada um com a sua função,
fazendo uma pequena parte para viabilizar o mais rápido possível o acesso da
população brasileira às vacinas disponíveis.
A Anape saúda o movimento Unidos pela Vacina, liderado pela
empresária Luiza Trajano; a iniciativa Todos pelas Vacinas; e todos os outros
que tenham como objetivo principal levar a imunização para cada brasileiro, do
norte ao sul, dos maiores aos menores municípios. Por estar em todas as
Unidades da Federação, atuando junto aos governos estaduais, as Procuradorias
de Estado têm capilaridade e capacidade técnico-jurídica para auxiliar na
viabilização de planos de vacinação eficazes e, sobretudo, honestos.
É imprescindível que os governantes estejam atentos para que os
já escassos recursos disponíveis para salvar vidas não escoem pelo ralo da
corrupção. Sabemos que o momento exige uma celeridade inédita e soluções
inovadoras, mas não há justificativa para abrir brechas na Administração
Pública para que recursos públicos sejam desviados. A última coisa de que
precisamos é carregar mais este triste legado desta pandemia.
Vicente
Martins Prata Braga – Presidente da Associação Nacional dos Procuradores dos
Estados e do DF (Anape), procurador do Estado do Ceará e doutorando em direito
processual civil pela Universidade de São Paulo (USP)
Fonte: Correio Braziliense